Enquanto dirigia com o som alto, a velha pick-up vermelha rangia, balançava com a estrada de terra, teve a terrível visão, arvores nas laterais e acima, um céu azulado, estava anoitecendo, o ar vinha gélido, entrava pela janela e arrancava-lhe lagrimas, ouvia uma triste musica no toca cd’s enquanto acelerava e levantava poeira, coração acelerado e a lembrança de tudo, olhava para o lado e não havia ninguém, estava sozinho na vida, dirigindo para sua casa.
Quinze minutos depois, abriu o portão automático de sua fortaleza, a entrada em curva, a grama verde, uma casa com varanda grande e uma cadeira de balanço, o coração apertado pela solidão, estava determinado e como não tinha ninguém na vida, nada o impediria, tirou o saco branco de dentro do carro, abriu a garrafa de energético, colocou no teto da pick-up, tirou as cartelas de remédios desconhecidos, foi colocando um a um na outra mão, tomou 23 comprimidos no primeiro gole, tomou 15 no segundo, 7 no terceiro e 3 no ultimo gole, terminou de beber, aumentou o volume da musica de ópera, Adagio, deixou o som alto, “ao menos gastei meu dinheiro bem” pensou.
Caminhou e sentou-se na cadeira de balanços de madeira, olhou para adiante e viu uma pequena lagoa artificial que criou, via o céu ainda azulado, um tom roxo vinha com alguns pontos brilhantes e que refletiam, dando ainda mais sofrimento, eram as estrelas, as malditas estrelas que machucavam seu coração. Ouviu um barulho, eram os patos, pequenos patos amarelos, alguns grandes e desengonçados, abriu um leve sorriso e devaneou sobre seu passado, lembrou de sua mãe que partira há menos de um mês, sua ex-mulher que só queria dinheiro, seu filho preso em uma cama de hospital, e ele ali. Foi ouvindo a música Let it be, que sua visão esvaneceu, foi ouvindo a musica Trouble que adormeceu, a ultima imagem que ficou em sua mente foi de sua mãe sorrindo, linda. Linda. Linda.
minucioso e detalhista
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