sábado, 14 de maio de 2011

Um presente exato, na urgência de viver

Aflito corria pelo corredor, tinha a pressa de quem não viveria, balançava as mãos de acordo com o corpo, com o suor. Os cabelos curtos suados, sem movimento, usava uma blusa branca, uma calça azul e um tênis que comprara há pouco. Passou pelo corredor azul sob os olhares suspeitos, ignorava-os, esse que corria, era eu.
Parei de correr sob o olhar do gerente, sorri levemente e fui até minha mochila, retirei um embrulho, caminhei até ele, que estava sozinho de frente a tela do computador, deixei ao lado de um copo d’agua e logo saí, não disse nada além de um “oi”.
Eu, César, havia deixado um presente tão sincero quanto qualquer verdade de minha vida, ele, Rodrigo, havia percebido o valor de cada palavra e gesto, e aos poucos tudo iria se ajeitando.
Tal que as palavras nem sempre controlam os atos, nem os atos controlam as palavras. Os sonhos que sempre se movem e renovam-se, algumas vezes são silenciados por uma noticia ruim.
Vou contar agora, já finalizando minha historia, sobre um sábado qualquer.
Depois de correr pelo corredor e deixar um presente há um pretendente, fui ao banheiro onde lavei meu rosto meio pálido, a tosse era forte assim como a dor, no silencio de um grande segredo, fui descansar do serviço com alguns amigos, conversamos sobre tudo, todos.
Quando o vi olhando para mim, meu coração vibrou, “quem sabe essa é a chance que tenho”, mas nossos olhares se desencontraram, talvez a carta que escrevi não tivesse o efeito que eu queria. O dia foi passando, as horas se acabando, os olhares que teimavam em se encontrar para logo se ignorarem, sina boba de uma paixão não mutua. Fui aos poucos desanimando, meu dia que estava bom, ficou de uma forma não exata, meio acinzentado, parei de lamuriar e abracei algumas pessoas em especial, caminhei pela escura cidade, solitárias ruas e calçadas, cumpri minha rotina até minha casa, lá já me esperavam alguns cuidados necessários, meu dia para muitos, terminou assim.
UM OUTRO DIA QUALQUER
Correram alguns em lágrimas para o banheiro, tentando controlar o pouco desespero de uma noticia inesperada, outros conversavam abalados, bobagens e mais bobagens. Rodrigo procurando saber o que acontecera ouviu o boato de minha morte, não acreditou, bobagem, mal entendido, ainda lembrou da carta no bolso e a releu.
“Eis aqui o meu livro, não consegui lança-lo, mas uma das poucas cópias fica para você, quero aquele abraço hoje, agora, vamos conversar lá fora, o assunto é meio sério, espero que possa compreender a urgência, mesmo sem saber o motivo, te adoro. César”
O que antes era um julgamento, agora virara culpa, pura bobagem, apenas sei que não fui eu quem deixou de amar demais.

Um comentário:

  1. Muito vc fala do seu ex porque de mim nada no seu blog???


    Ass: Fernando

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