segunda-feira, 11 de julho de 2011

Esquecimento...

E a palavra corvo que há tanto era-me esquecida, voou pela catedral, que no meu esquecimento essa palavra não tinha grandeza como uma igreja simples, as estátuas cinzas pareciam imóveis não fossem homens em pé esperando uma moeda, o relógio que apontava as 18h de um dia cinza parou de rodar, sem corda, acordou-se parado no inicio da noite.

Os homens estátua saíram andando como se nunca estivessem ali, se confundiam pelas paredes manchadas, eu perdia o foco, perdia a luz momentânea. Foi só por um momento.

Singelo vejo o brilho no chão, uma moeda quase sem valor, olho a frente um homem pintado e com roupas longas, colocando o chapéu na cabeça e deixando todas as moedas ganhadas cair pela calçada.

Corro apanhando o que posso, o chamo, me ignora, corro mais, o puxo, ele me olha...

Olhos tão cinzas quanto sua pele, boca tão fina quanto seus cabelos, idade tão ausente quanto sua necessidade, tremor tão presente em mim quanto ausente em si.

Meu oi oprimido subjugado pelo olhar que recebi, entreguei a moeda, ele logo a jogou no chão e ao pegar minha mão agradecendo senti a tinta prateada percorrer com velocidade minhas digitais. Com o chapéu, sem as moedas, ele saiu se perdendo por lá.

Parado olhei para a catedral, andando olhei para mim.

Quanto mais tento manter-me indiferente, mais me aproximo do outro, quanto mais me aproximo, mais afastado me encontro. Jogarei então minhas moedas ao chão para despertar em alguém um sentimento de caridade, agradecerei a gentileza, colocarei meu chapéu, me retirarei de olhos cinzentos, me retirarei de pedra que todos nós nos tornamos.

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