quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Jonas - O início do terror

“Ele me viu na rua, se aproximou e pediu fogo, acendi o cigarro já sabendo o que o olhar malicioso pretendia, começamos a conversar sobre o tempo, do que fazíamos, menti ao dizer que trabalhava dando aulas de desenho, mas sei que ele acreditou, o bom de ter olhos azuis é porque ele não mentem. Perguntou se tenho numero de celular, mas disse que não. Me chamou para um café, dei um sorriso belo, e fomos, realmente eu estava feliz, não tive que fazer nenhum esforço para encontra-lo, afinal, ele me encontrou.

Sei que você não vai acreditar, mas ele realmente era alguém na vida, não um fracassado que conta vantagem de um celular da moda ou uma marca falsificada, ele tinha livros, livros em seu nome, contatos com pessoas realmente importantes, disse que tinha influencia e que se eu quisesse ele me incluiria nos projetos de livros infantis, que eu poderia ensinar as crianças desenhos fáceis, dinheiro rápido e fácil, aceitei mais que depressa mesmo sabendo que isso jamais se concretizaria.

Acho até engraçado essa parte, dei uma cantada nele, aquele velho, foi nessa hora que comecei a sentir nojo, sei que não deveria ter gostado de nada, mas o começo da conversa foi realmente agradável, mas quando ele respondeu a minha cantada com uma passada de mão na minha perna, meu sangue parecia lava quente, nessa hora fingi, fingi uma simpatia e um desejo, meus olhos azuis me ajudam muito, sei que ele ficou hipnotizado.

Pedi que me encontrasse ali em frente à cafeteria às dez da noite, ele sorriu e disse q tudo bem, antes que fosse embora perguntei-lhe sobre a marca de aliança, ele ficou sem graça mas confessou que era casado, fiquei com raiva dele, maldito.

Ele saiu primeiro deixando a conta paga ao menos, agora vem a parte que mais gosto, o segui. O velho andava desconjuntado, não era gordo nem magro, andou por algumas ruas estranhas, entrou numa loja e saiu com um embrulho, era uma loja de chocolates, quando cansei de segui-lo foi a minha surpresa, encontrou com uma mulher aparentemente da mesma idade, se beijaram e caminharam juntos, assustado saí rápido dali, pelo menos não sentiria culpa de nada que fizesse. Ninguém merecia aquilo, acabei conhecendo de vista a mulher daquele verme.

Fiquei andando e analisando as ruas, sei que devaneava e parecia louco às vezes, sorri sozinho e conversei sozinho sim, mas você sabe que faz parte do meu processo criativo, quando olhei o relógio já era quase a hora de encontra-lo, estava só, um pouco frio, mas coloquei minhas luvas de lã, andei por dez minutos e o vi em pé, estava mais arrumado, velho nojento. Cheguei perto numa felicidade que até me enganava, não foi preciso muito esforço para que meus olhos brilhassem, precisei apenas do ângulo certo para a luz.

Começamos a andar quando ele tirou do paletó o embrulho que antes te falei, quase fiquei comovido, se não tivesse sentido repulsa e ânsia de vomito, sorri novamente e fiz um olhar de abandono, o que fez parecer paixão, peguei os chocolates e não abri, disse que guardaria para depois, bicha, verme, comecei a guia-lo, disse que iriamos a minha casa, andamos por ruas movimentadas pois não queria assustá-lo, até que viramos duas ruas, aí o movimento pouco a pouco foi desaparecendo, ele sentiu medo, sei que sim, mas descontraiu conversando sobre sua mulher e de como não sentia-se bem com ela, eu retribui o voto de confiança permitindo-lhe uma conversa mais suja, falamos de sexo abertamente, vi que ele excitou-se, o volume era grande dentro das calças, por outro lado, estava entediante, queria mais ação, chegando a rua que queria parei perto do muro úmido e coberto de lodo, ele veio perguntando por que parei.
“Quero um beijo”, é o preço que pagamos para ter prazer, ao menos o preço que paguei, o beijei com tanto nojo, o que antes era tédio agora era ânsia de terminar logo, disfarcei a careta e fui passando a mão pelo corpo dele, nesse momento o embrulho estava no chão, mas foi simples, mordi de leve o pescoço e ele delirou um pouco levantando a cabeça e me dando liberdade para continuar, continuei a lamber até a orelha, descia a língua até o colo, estava me preparando, logo não precisaria tocá-lo, minha mão direita em seu queixo me dando firmeza e minha mão esquerda nos cabelos, foi rápido, movi com força até ouvir o segundo estralo, o primeiro era falso, o segundo sim, indicava que havia quebrado, o velho era pesado, com os olhos abertos deixou o peso em minhas mãos, realmente não consegui segurar, com esforço deitei ele de barriga para cima, limpei minha saliva de seu corpo, peguei o embrulho e vim para casa comendo chocolates, nossa, como foi bom, eu juro que me excitei quando vi ele caído ali, é lindo quando um corpo cheio de vida, dá seu ultimo suspiro e fica rijo de repente, logo amolece novamente, esse foi mais um, não lembrava o nome dele, só lembrei quando vi nos jornais, Angelo, colei a reportagem aqui na minha parede. É isso, caso eu faça de novo volto a lhe escrever.”

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