Eduardo com dificuldade retirou suas mãos das cordas, o avermelhado no pulso logo apareceu, ainda chovia muito quando conseguiu se levantar, não sabia onde estava sua mulher, caminhando pela fria casa procurava algum sinal, ouviu de longe uma música instrumental, na sala, em silencio, Tânia sentada com as mãos na cabeça, balançava para frente e para trás, observou-a até conseguir coragem.
-Tânia...
Os olhos vermelhos de choro fitaram-no, olhos tão feridos quando ele, quanto ela...
- Você ainda tem coragem de dizer o meu nome?
- Se você soubesse como me sinto!
Uma pausa entre os dois, um respiro profundo, uma indignação...
-EU sei, você se sente como eu me senti durante todo este tempo, sente-se covarde, humilhado, sente tristeza ao pensar em tudo que perdeu, sente todo valor que demorou uma vida para conquistar desaparecer por um deslise, por uma burrice, por uma ignorância; E ainda tem a coragem de me dizer que não sei o que sente, está vendo essa marca em seu pulso? Imagine ela no coração!
O silencio predominou, Eduardo pronunciou alguns sons, e lentamente construiu o que seria sua redenção... "PERDÃO".
Tânia pegou sua bolsa, olhou por uma ultima vez aquele homem que ela não mais reconhecia, abriu a porta de sua casa, a chuva forte entrava com a força do vento, viu gotas molharem um armário que tanto gostava e que não fazia mais parte do que considerava como casa. Em sua bolsa levava fotos, dinheiro, o essencial.
Sentia o vento gélido em sua face, a água que parecia queimar, arranhar, afogar, tundo com força, querendo pará-la, era disso que precisava, desafio, precisava do vento para sentir o frio, da neblina para sentir-se cega, das gotas de chuva para sentir-se viva... Quando de longe olhou para a casa que viveu anos sentiu-se arrependida, esse arrependimento talvez fizesse parte do perdão, ao Eduardo e a ela que se permitiu deteriorar.
Eduardo não a seguiu, mantinha em sua eterna ignorância a certeza de que ela voltaria, isso não aconteceu...
O que mais aconteceu no futuro dos dois, ficou no esquecimento e nas lembranças do passado...
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